Na era da Web 2.0 o dinamismo não oferece limitação de espaço físico para a exposição de mensagens. A participação dos usurários na produção de mensagens resgata um conceito que a muito vem sendo reclamado. A comunicação pressupõe troca de opiniões e intercâmbio. A mídia gerada pelos cidadãos são manifestações criadas e compartilhadas por eles.
Este fenômeno acaba por gerar credibilidade, uma vez que foge à voz oficial das comunicações institucionais dos políticos e influencia grandes grupos de pessoas ligados pelas redes sociais. A Web não é um lugar de persuasão, mas de articulação. Certamente a Internet não faz ou derruba um candidato, mas suas vantagens são fundamentais.
Não há dúvida, sem mobilizar pessoas a Web não é eficaz para eleger um candidato. Os sites de relacionamento, criadores de mensagens de cidadãos, não são mais importantes nas estratégias de marketing político do que um site dinâmico e um poderoso mailing que contenha milhões de pessoa. Sem dúvida não se ganha uma eleição “twittando”. Mas nos tempos atuais o cidadão começa a ter poder de controle de qualidade.
A utilização da comunicação na Web pelas estratégias de marketing político deve definitivamente observar os blogs, fóruns e afins para interagir com o eleitorado e a imprensa. E que sejam permanentes para que se possa acompanhar todo o histórico de ações do candidato. No Brasil somos mais de 45 milhões de pessoas com acesso a Internet. Não é um número a desconsiderar mesmo no país que se caracteriza com a sua desigualdade social.
As mídias geradas pelos cidadãos e a influência que exercem não devem ser negligenciadas por candidatos que querem ocupar cargos públicos. São características da Web 2.0 a comunicação segmentada, a relevância para o usuário, a interatividade que permite a participação e a construção coletiva e rápida criando um debate em tempo real com os candidatos. Ocorre que nos dias atuais emissores e receptores trocam de papéis a todo momento em função dos princípios de colaboração coletiva estabelecidos pela Web 2.0.
Aqui está o maior controle: o controle de qualidade exigido pelo cidadão. Nenhum candidato terá condições de controlar o que os eleitores dizem. A comunicação de mão dupla gera comprometimento pois demanda um engajamento e uma ação das partes. A Internet como veículo expõe o candidato muito mais do que os veículos tradicionais.
A mídia gerada pelos cidadãos, conhecida como boca-a-boca online está relacionada aos milhões de comentários provenientes de cidadãos eleitores. Repito, este é o maior controle, o de qualidade. A bem da verdade estamos saindo da era da produção em massa para outra, de inovação em massa. A platéia está tomando o palco. A inovação liderada por usuários é parte desse cenário criativo e democrático da nova era. As pessoas querem ter voz.
Ricardo Néspoli é jornalista, publicitário, mestre em Educação e consultor de Comunicação.
Artigo publicada no jornal A gazeta na coluna ponto de vida no dia 09 de agosto de 2009 http://gazetaonline.globo.com/index.php?id=/local/a_gazeta/materia.php&cd_matia=524412
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