O vídeo-documentário “Mais um” dirigido por Thayane Guedes e Bruna Gati do Centro de Comunicação e Cultura Popular Olho da Rua foi premiado no Festival Visões Periféricas, ocorrido no Rio de Janeiro, entre os dias 21 e 26 de julho. O prêmio, de melhor documentário, foi entregue pela Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Rio de Janeiro – ABDeC/RJ.
O vídeo, que foi produzido a partir de uma parceria entre o Olho da Rua e o Fórum de Juventude Negra do ES – FEJUNES, faz parte da Campanha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra que, desde maio do ano passado, vem denunciando o racismo e a violência sofridos por esses jovens. A Campanha é promovida pelo FEJUNES e conta com o apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos.
O documentário trás uma abordagem crítica sobre o extermínio enfrentado pela juventude negra. Ele reflete tanto aspectos do extermínio físico, evidenciado pelos altos índices de homicídios dos jovens negros; quanto aspectos do extermínio simbólico, abordando relatos de jovens vítimas do racismo institucional e da atuação violenta das polícias nas periferias urbanas. Além disso, o vídeo apresenta a precária situação das jovens negras.
Ao entregar o prêmio, a representante da ABDeC-RJ destacou que “discutir o viés racista dos diferentes tipos de extermínio da população pobre do país hoje ainda é uma atitude de coragem e resistência”. Ela ainda frisou ao comentar sobre o vídeo que “debruçados sobre a realidade do Espírito Santo, jovens abordam uma problemática que hoje é nacional e sem dúvida merece maior discussão na sociedade”.
O documentário foi lançado no dia 18 de novembro de 2008, durante programação da Semana da Consciência Negra da UFES, e de lá pra cá vem sendo utilizado como material didático nas oficinas, também promovidas pelo FEJUNES, em diversas escolas públicas, cujo objetivo é debater com a juventude os temas refletidos no vídeo.
Além de depoimentos de militantes do próprio Fórum, o vídeo conta com a participação de jovens de bairros estigmatizados da Grande Vitória como, por exemplo, São Pedro, Nova Rosa da Penha, Terra Vermelha e Feu Rosa.
Karina Moura, uma das integrantes do Olho da Rua, recebeu o prêmio emocionada, “Como não poderia deixar de ser, esse prêmio é dedicado aos jovens, negras e negros, que não se deixam calar e lutam cotidianamente por um mundo igualitário, sem opressão de raça/etnia, onde todas as diferenças sejam respeitadas”. E acrescentou, “Pra nós do Olho da Rua esse reconhecimento é muito importante, porque fazemos parte deste movimento, defendemos essa bandeira, por isso nossas produções são na perspectiva de dar voz a esses segmentos da sociedade excluídos da grande mídia. Aqui (no festival) tem pessoas do país inteiro, e conseguimos denunciar, a partir do vídeo, a violência nas periferias e essa tentativa de embranquecimento do Brasil”.
Publicado em 4 de Agosto de 2009 por http://olhodarua.wordpress.com/
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