terça-feira, 13 de outubro de 2009

O exercício da cidadania através da comunicação nas comunidades


A comunicação comunitária historicamente se caracterizou como instrumento alternativo dos setores populares contra o monopólio da informação estabelecido pelos grandes meios de comunicação de massa, concentrados nas mãos de poucos, e que se valiam desse poder para manipular a sociedade de acordo com seus interesses. Mas como delimitar com precisão o que é ou não popular? Até mesmo a definição de “povo”, é algo complexo, pois há momentos em que engloba quase todos os componentes de uma sociedade, desde que estejam unidos em torno de um objetivo comum.

Temos que entender “povo” sempre como um todo plural e contraditório. Em geral, o que torna a comunicação popular é sua inserção num contexto alternativo, onde podemos identificar alguns traços em comum, como a expressão de contextos de luta, com conteúdo crítico que tenta romper com estruturas estabelecidas, se tornando um instrumento na luta de classes e de espaço de expressão democrática, onde o povo é o protagonista.
No tradicional embate entre comunicação popular e a massiva temos que entender que os dois são complementares, não excludentes, e interagem, com troca de elementos e de conhecimentos.

Nem a mídia massiva é tão perversa, que não permita a expressão, a participação popular nem a comunicação popular detém a exclusividade da manifestação cultural de um povo.
Sob o ponto de vista teórico comunicação popular participativa é a igualdade entre emissor e receptor, ou trata-se de “dar voz aos que não têm”, o que acontece de diferentes formas e níveis, podendo variar de uma simples entrevista, à participação na produção e no gerenciamento dos canais de comunicação, até na gestão desses canais, numa crescente democratização dos meios.

Porém, na prática, há várias dificuldades para a efetivação dessa democracia.
Os principais problemas são: a abrangência reduzida, a inadequação dos meios, o uso restritos dos veículos, a pouca variedade, a falta de competência técnica, conteúdo mal explorado, uso político ou doutrinário, falta de recursos financeiros, uso emergencial e a participação desigual.
Apesar das dificuldades, já há um grande número de experiências avançadas de comunicação comunitária espalhadas pelo mundo, trazendo grandes conquistas sociais como, a diversificação dos instrumentos, apropriação dos meios e técnicas, conquista de espaços, presença de conteúdo crítico, autonomia institucional, articulação da cultura, revisão de valores, formação de identidades, mentalidade serviço, preservação da memória, democratização dos meios e a conquista de cidadania.

Eduardo Oliveira é estudante de jornalismo, autor deste blog e participa da disciplina de Comunicação Comunitária da Escola de Jornalismo da Estácio de Sá de Vitória.

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