quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O novo desafio para a sociedade emissora receptora


Não para as comunidades, mas com as comunidades. A expressão trata da comunicação popular, que é em síntese exatamente isso, a comunidade participando ativamente do processo de construção e divulgação da mensagem, da informação.

A comunicação popular para Peruzzo (1998) parte do povo, mas não o “povo” que figura no senso comum, aquele de classes inferiores e sem recursos, mas o povo sendo entendido como uma comunidade, um conjunto de pessoas com interesses em comum contra ou a favor de algo.

Surgindo da necessidade de expressão frente à dificuldade de alcançar esse objetivo devido as restrições dos meios de comunicação de massa, a comunicação comunitária se propõe a dar voz a população. Na teoria com a participação de todos, criando meios alternativos para tal, seja por meio de boletins, vídeos, áudios, jornalzinho etc. Na prática, ela irá esbarrar em algumas impossibilidades. Carência de recursos financeiros e participação desigual são só duas delas.

Outro problema da comunicação comunitária é o seu suposto status de concorrente dos meios de comunicação de massa. Fala-se da primeira como a salvadora da democracia, e da segunda como manipuladora e ferramenta de controle. Uma concorrência injusta, já que os meios massivos conseguem ter uma abrangência maior e tratar desde a informação ao entretenimento.

Neste contexto, o resultado seria mais positivo se ao invés de um cenário de concorrência houvesse um de parceria. Enquanto os meios de comunicação de massa trazem o todo, o bruto da informação, sem pensar em unidades, a comunicação comunitária seria a responsável por lapidar o conteúdo, tratar do que acontece no circulo de interesses da comunidade à qual pertence.

As críticas, em essência, apontam que, enquanto fenômenos, os dois tipos de comunicação estão mediatizados pela cultura e por isso não podem ser avaliadas como instrumentalizadas, onipotentes, isoladas nem opostas. Para Peruzzo (1998) há que se tomar a comunicação popular em seu entorno não como uma ilha isolada, mas como algo que tem suas especificidades. Ela se relaciona com a sociedade, convive com ela e dela usufrui amplamente.

Percebe-se nas análises intelectuais históricas sobre comunicação popular o seu “endeusamento”, sendo esta vista como a ferramenta para mudar o mundo. No contexto social que estamos inseridos ainda não se chega tão longe. Ela pode, talvez, ser colaboradora na conquista da cidadania, mas não a definidora.

A comunicação popular não faz tudo por si só, mas apenas se estiver inserida na dinâmica dos movimentos populares, gerando-se a partir deles e, como consequência, caminhando na mesma direção por eles apontada, afirma Peruzzo.

Peruzzo (1998) não cita a Internet ao tratar de comunicação popular, considerando que na época da obra, esta ainda não tinha um alcance como o atual. Mas hoje a Internet se torna para a comunicação popular, uma ferramenta multiplicadora das possibilidades da mensagem “do povo para o povo”.

A exemplo dos blogs e das comunidades virtuais, verifica-se que a Internet veio para “superar a contraposição entre poucos produtores e os muitos receptores”. Para Cabral (2009) ao citar o jornalista alemão Dieter Prokop, dizendo que esta frase, diante da inserção da Internet no movimento de comunicação no Brasil, torna-se um horizonte do passado, que já foi alcançado por nenhum esforço comunitário ou ativista, mas pelo próprio avanço tecnológico.

Neste cenário que está se formando para a comunicação popular, surge para esta linha de estudo uma nova preocupação, conforme diz Cabral, o novo desafio para a sociedade produtora-receptora de meios de comunicação é a qualidade e quantidade de informação a ser disponibilizada.

Joyse Passos é estudante de jornalismo, autora deste blog e participa da disciplina de Comunicação Comunitária da Escola de Jornalismo da Estácio de Sá de Vitória.

Fonte: http://www.comunicacao.pro.br e http://www.flickr.com

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