domingo, 1 de novembro de 2009

“Comunidades” podem ser construtivas ou destrutivas. Qual é a sua?


Este texto foi escrito por Eline Kullock, fundadora do Grupo Foco, estudiosa do comportamento das gerações e especialista em Geração Y.


Fico me perguntando se o que o mundo virtual chama de “comunidades” são, de fato, comunidades. As comunidades, como eu entendo, são grupos que se ajudam, se protegem, se dão e se exigem limites, também. Têm sempre uma causa comum a todos.

Pense nas comunidades que conhecemos. O AA (Alcoólicos Anônimos) é uma comunidade? Tem um objetivo comum? Se ajuda, quando necessário? Quando alguém a ataca ele se une “contra” o atacante?

De que comunidades, baseadas neste conceito, você já participou? Da turma da escola? Mesmo que você já não faça mais parte, deixou saudades? Você a defende como se estivesse dentro, ainda, da turma? Quando você se lembra delas, com momentos tristes ou alegres, acha que marcaram você? Dá peso de saudade, peso de tristeza, leveza de passarinho?

Pois é. Aí eu queria falar das comunidades do mundo 2.0. Você faz parte de alguma comunidade do Orkut? Ela, de fato, representa alguma coisa pra você? Se você sair dela, vai fazer alguma diferença? E assim como eu disse comunidade do Orkut, pense se você faz parte de uma comunidade do Facebook? Do LinkedIn?

Será que isso é comunidade? Pra mim, isso é agrupamento. Tanto faz se você estiver lá ou não. Na verdade, a comunidade não mexe contigo e você não mexe com a comunidade.
E o que tem isso a ver com a vida? Tem tudo a ver.

Eu acho mesmo que o conceito de “croudsourcing”, do qual já falei aqui muitas vezes, elogiando o livro “O poder das multidões”, que mostra como as comunidades vão mexer com a vida da gente. O poder dos grupos na disciplina, na ordem, na pesquisa, no trabalho conjunto ou compartilhado vão acontecer mais devagar do que eu imaginava. Preciso ser menos idealista. Não são essas pseudo-comunidades que, de fato, fazem a diferença.

Algumas vezes acredito até que estas comunidades se unem por um motivo torpe, um motivo destrutivo, mas que, no dito “poder do consumidor”, da multidão, acabam fazendo um trabalho pouco profundo de análise do que está sendo discutido, vendido, exposto, do que está sendo venerado, do que está sendo pixado. E expõe em praça pública pessoas e instituições que precisariam de mais respeito.

Vou fazer uma provocação que eu sei será enorme!

A comunidade de Trainee Brasil, do Orkut, colocou uma enquete pra saber qual a pior consultoria de RH do Brasil. E muitas pessoas vão lá e votam, como se isso não representasse nada. É como se eu perguntasse: “Esse cachorro da rua é mais bonito que aquele? E aquela menina gorda, é estranha?”

O que quero dizer aqui é que, algumas vezes, os pseudo-grupos se unem e podem ser perversos, simplistas, mordazes e destrutivos.

Assim como Hitler se firmou no poder num minuto de descontrole geral, é assim que surgem os grandes erros da Humanidade.

Esse é, de fato, um grupo lutando por alguma coisa? Defendendo interesses? Definindo com as empresas como devem ser os processos seletivos? Com a profundidade e consistência pra poder avaliar alguma coisa?

Li hoje no blog “O Cappuccino” sobre o poder das mídias sociais nos produtos. Questiono muito se essas análises são consistentes ou se só caíram no gosto da piada, da vida vivida pelo momento.

Fica aqui o meu protesto. Um protesto de quem já foi difamada (pelo Sr.Pedro Ethos) sem motivo algum. E, se ele estivesse numa comunidade, seria capaz de levantar uma multidão. E que, se essa multidão, por não necessariamente ser uma comunidade, não compreender sua importância e força como grupo, poderia fazer um mal danado. Algumas vezes irreversível.
É essencial que esta geração se pergunte se está participando de comunidades, de agrupamentos inconseqüentes, e se tem noção disso.

Somos agrupamentos? Somos grupos? Qual é a diferença? Queremos estar em comunidades? Ou preferimos o anonimato dos agrupamentos? Eu levanto esta questão porque participei e participo em vários grupos que, no meu ponto de vista, fazem a diferença. Constroem. Sou da geração Baby Boomer e acho que isso era mais comum nos anos já passados.

Fica a minha provocação para a geração Y: a que comunidades vocês fazem questão de pertencer? De quais realmente pertencem e por quê? E, se você está em agrupamentos, está lá por qual motivo?

Agrupamentos e comunidades: onde realmente podemos fazer a diferença?


Um comentário:

  1. Olá pessoal,
    Gostariamos de agradecer a menção ao texto e dizer que é muito gratificante e importante o acompanhamento do trabalho que desenvolvemos sobre Gerações.
    Como nosso site é feito para quem tem interesse nos assuntos discutidos, estamos sempre abertos a sugestões e contribuições construtivas!
    Obrigada pela indicação e não deixem de acompanhar nossas atualizações!
    Um grande abraço,
    Comunicação Grupo Foco

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