quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O cidadão decide o que vai protagonizar


A comunicação comunitária, no Brasil, ganhou maior notabilidade em uma época em que a liberdade de expressão não era um das principais aspirações dos governantes. É de conhecimento geral que, durante o período da repressão militar, toda e qualquer manifestação popular estava fadada a fiscalização e a censura por parte do governo.

É exatamente nesse contexto que começam a surgir maneiras alternativas de se fazer comunicação. Maneiras que não necessariamente implicavam em formas tradicionais de comunicação, como jornais ou rádios. Trata-se de algo completamente novo, fugindo do modelo emissor –> meio –> receptor.

De maneira muito peculiar, neste novo molde, a comunicação passa a ser feita pelo cidadão e para o cidadão. Não existe a figura de uma grande empresa selecionando informações que posteriormente seriam veiculadas no mass media. E, ao contrário das conclusões que se pode tirar, a comunicação comunitária não tem como pretensão tornar-se evidente a ponto de ocupar grande espaço na mídia convencional.

É importante que se esclareça o fato de que as produções realizadas dentro da comunicação comunitária não são necessáriamente, desprovidas de profissionalismo ou qualidade.

Peruzzo (1998) aborda uma questão extremamente importante. O popular (inserido no contexto da comunicação comunitária), muitas vezes menosprezado devido a precoce e imatura definição quanto ao que tange sua essência, nada mais representa que uma camada da população altamente politizada a par de questões que se dizem a seu respeito. A partir desse novo conceito, o popular deixa de ser algo inferior (segundo nossos conceitos - ou preconceitos) e passa a ser a voz do cidadão que tem conhecimento dos fatos que o norteiam, e quer comunicar isso a sociedade de alguma maneira.

Analisando por essa ótica evidencia-se o fato de que, o cidadão, pela primeira vez em toda história da comunicação, não somente se torna o grande protagonista, como também decide o que vai protagonizar.

Em meio a era das tecnologias digitais e do constante fluxo de informações que a sociedade contemporânea vive, é possível vislumbrar a comunicação comunitária não somente como uma forma alternativa de nos comunicarmos. Ela se torna nossa principal fonte de informações, uma vez que teorias obsoletas em todo seu pessimismo já não possuem o espaço e a credibilidade que antes lhes eram creditados.

As teorias da comunicação ganham novo campo com o surgimento da comunicação dita comunitária, uma vez que as constantes transformações na sociedade tornam possíveis novas maneiras de interagirmos uns com os outros. Obviamente não levanto a hipótese de que teorias como a de Frankfurt sejam desclassificadas ou tampouco ignoradas, pois o conceito do novo só se torna pleno e consistente quando levamos em consideração as ponderações feitas anteriormente, quando a sociedade, por sua vez, também era totalmente diferente.

Raini Salviato é estudante de jornalismo, autora deste blog e participa da disciplina de Comunicação Comunitária da Escola de Jornalismo da Estácio de Sá de Vitória.

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