segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Oportunidade de liberdade?!
Comunicação Comunitária! Seria, realmente, essa a chamada democratização da informação? Quem sabe? Talvez sim. Tomara que sim!
Apesar de ser considerada por alguns como fenômeno recente, a comunicação popular vem se mostrando preocupada em resgatar culturas e oferecer a comunicação, de forma igualitária a todos. Inclusive aos menos favorecidos, em todos os sentidos. Assim trazer de volta as essências e estimas de pessoas comuns, que, estão submergindo em função da inversão de valores.
A exemplo, as favelas. Popularmente conhecidas como comunidades, elas não se resumem simplesmente em problemáticas tais como o tráfico de drogas, assassinatos, falta de lazer, escassez de educação e saúde, como a mídia massiva difunde. Antes, são indivíduos comuns, que tem família, religião, cultura, sim, cultura. E querem ser assistidos por isso.
Como a própria Peruzzo (2004) descreve, o movimento surgiu em função da precária condição da maioria e a falta de liberdade em relação a grande mídia. “... a ‘nova’ comunicação representou um grito, antes sufocado, de denúncia, de reivindicação...”.
Essa mesma sensação de liberdade, citada por Peruzzo, talvez tenha sido a mesma sentida pelos jovens orientados pela jornalista Taciana Grotti, em uma produção de vídeo no bairro onde eles moram, morro do São Benedito, em Vitória -ES. Em busca de repassar o conhecimento adquirido ao longo do seu trajeto na faculdade e completar o trabalho de conclusão de curso, já que na época Taciana era estudante, a então jornalista resolveu literalmente subir o morro e conduzir junto com todos a comunicação entre a comunidade.
Completamente ligada à luta e a busca para contribuir para uma mudança social, a comunicação popular se apresenta de forma organizada e construtiva, sempre, no sentido de todos lutando contra o a favor de alguma coisa.
Ela não é resultado da união de qualquer tipo mídia, mas da dinâmica e fruto do processo dos movimentos populares. Ela deve ser compreendida dentro da dinâmica social onde os indivíduos que a “produzem” estejam inseridos. Dessa dinâmica surgem os resultados onde os próprios produtores são protagonistas, onde o próprio meio é a mensagem.
Realmente é uma grande e boa oportunidade da cultura popular se propagar e ganhar seu espaço. Porém, quando se pensa na comunicação comunitária, aquele do povo para o povo, aquela que é cheia de conteúdos críticos e que vem provocando a democratização como caminho para a transformação social, o discurso se torna utópico e ao mesmo tempo contraditório.
Isso por que em um país onde o capitalismo é tido como soberano, dificulta a idealização precisa de tal fenômeno. Considerando que ela, sozinha, não teria o poder de suscitar uma mudança social imediata. Não só pelos seus próprios limites, mas tal mudança requer modificações na própria estrutura e no cenário político, econômico e social de toda coletividade.
Juliana Zardini é estudante de jornalismo, autora deste blog e participa da disciplina de Comunicação Comunitária da Escola de Jornalismo da Estácio de Sá de Vitória.
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